terça-feira

Quem envia sinais de rádio a partir da galáxia M82?

Investigadores desconhecem objecto que emite ondas nunca antes observadas em todo o Universo


Galáxia M82 (Crédito: NASA, ESA e The Hubble Heritage Team)
Galáxia M82 (Crédito: NASA, ESA e The Hubble Heritage Team)
Algo estranho está a passar-se nas proximidades da nossa galáxia. A menos de 12 milhões de anos-luz da Via Láctea, um misterioso objecto começou a emitir ondas de rádio, numa forma que era desconhecida até ao momento em todo o Universo.

Os astrónomos questionam-se sobre o que pode estar a causar as estranhas emissões, mas a verdade é que estes sinais não são compatíveis com nenhum dos fenómenos conhecidos.

Segundo os cientistas, a resposta mais plausível terá a ver com a própria galáxia onde se encontra o estranho emissor. A M82 é, de facto, uma
starburst galaxy, ou em português, uma galáxia de explosão estelar, na qual a taxa de nascimento de estrelas é muito superior a uma galáxia normal.


Por este motivo, a M82 é até cinco vezes mais brilhante que a Via Láctea. No entanto, e após um ano de intensas observações, a realidade é que ninguém sabe ainda explicar a razão das microondas.

“Não sabemos o que é”, afirma Tom Muxlow, do Centro de Astrofísica Jodrell Bank, na Grã-bretanha, e co-descobridor deste fenómeno.

Velocidade mais rápida do que a luz

A estas características insólitas junta-se mais uma também surpreendente: a velocidade aparente do objecto é quatro vezes superior à da luz, ou seja, um milhão e duzentos mil quilómetros por segundo.

Sala de controlo do Centro de Astrofísica Jodrell Bank
Sala de controlo do Centro de Astrofísica Jodrell Bank
Até então, essas classes de velocidades supraluminais tinham sido apenas observadas em fluxos de matéria que expelem alguns dos maiores buracos negros do Universo.

“O novo objecto, que apareceu em Maio de 2009, deixou-nos a pensar. Nunca tínhamos visto nada sequer parecido”, assegura Muxlow.

Brilho intenso e constante

Desde essa data, os investigadores têm estudado algumas das características da galáxia. Por exemplo, a rotação e o brilho:
“O objecto gira muito rapidamente, uma vez a cada poucos dias e o brilho não dá sinais de atenuar desde que foi detectado”, explica o cientista.

Estes dados descartam a possibilidade de o objecto ser uma supernova, algo considerado habitual em galáxias como a M82. Se assim fosse, o objecto brilharia em longitudes de onda de rádio durante apenas algumas semanas para depois ir apagando-se em poucos meses − o que não está a acontecer a este objecto, cujo brilho permanece constante.

O objecto, ainda sem nome, foi descoberto casualmente enquanto a equipa de Muxlow estudava uma explosão estelar na M82, utilizando a rede de radiotelescópios britânica MERLIN. Os cientistas depararam-se com um potente emissor que, ao contrário das supernovas não se apagava lentamente, mas que mudava de intensidade de brilho ao longo de todo o ano, mantendo um espectro constante.

Imagem rádio da M82 através da MERLIN. Captada entre 25 de Abril e 3 de Maio de 2009, demonstra  a aparição súbita do misterioso objecto
Imagem rádio da M82 através da MERLIN. Captada entre 25 de Abril e 3 de Maio de 2009, demonstra a aparição súbita do misterioso objecto


Os restos de uma explosão de estrelas

O objecto em questão não esta próximo do centro do M82, onde o grande buraco negro central pode expulsar matéria a velocidades aparentemente similares, mas encontra-se na sua periferia, onde esta classe de fenómenos relativistas não é de todo possível.

Existem poucas possibilidades que expliquem a existência do objecto. Uma delas é que se trate de um pequeno microquasar, ou seja, o restante de uma explosão de uma estrela massiva, um pequeno buraco negro ou uma estrela de neutrões de entre dez a vinte massas solares que começa a alimentar-se de uma outra.

Os microquasares emitem ondas de radiofrequência, mas nenhum dos anteriormente observados o faziam com intensidade detectada no M82.

Alem disto, os microquasares emitem também raios X, mas o misterioso objecto permanece em silêncio absoluto nessas longitudes de onda.

Corpos densos numa galáxia especial

Poderá tratar-se de um megamicroquasar? Muxlow não se atreve a afirmar tal coisa e prefere não arriscar até possuir mais dados. Para o investigador, a melhor explicação é que esta estranha fonte de rádio é alguma classe de corpo muito massivo e denso, talvez um buraco negro numa estrutura pouco habitual.

Impressão artística de um microquasar
Impressão artística de um microquasar
Como a M82 é uma galáxia com uma elevada taxa de formação estelar, pode ser que essa característica lhe permita a existência de tais objectos, desconhecidos nas outras galáxias.

“Acabamos de começar a processar os dados da região central da M82 procedentes de vinte radiotelescópios de todo o mundo. Essas imagens vão permitir-nos examinar a estrutura da nova fonte de rádio com mais detalhe. De qualquer modo, processar uma quantidade tão grande de dados será um trabalho árduo e penoso”
, afirma Muxlow que conclui: “Só depois poderemos dizer efectivamente se se trata ou não de uma forma rara de microquasar” ou de algo novo e completamente desconhecido até ao momento.

fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=sonda-coleta-amostra-asteroide&id=010130100426

sexta-feira

Físico inglês: Stephen Hawking

8/1/1942, Oxford, Inglaterra

Stephen Hawking, responsável por contribuições fundamentais ao estudo dos buracos negros, ocupa a cadeira de Isaac Newton como professor de matemática na Universidade de Cambridge, e é considerado o mais brilhante físico teórico desde Albert Einstein.

Sua história é marcada pela superação de limites. Em 1959, com 17 anos de idade, entrou para a University College, em Oxford, onde estudou física, concluindo o curso em 1962. No mesmo ano, Hawking descobriu que possuía esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa que enfraquece os músculos do corpo. Mesmo doente, continuou estudando até se tornar Ph.D. em cosmologia pelo Trinity Hall, em Cambridge, Inglaterra (1966).

Em 1970, Hawking iniciou o trabalho sobre as características dos buracos negros. Como resultado de sua pesquisa, descobriu que buracos negros emitem radiação. Em 1979, assumiu a posição de professor e retornou, durante os anos 1980, a um interesse artigo sobre as origens do Universo e como a mecânica quântica pode afetar o destino.

Em 1985, enfrentou uma pneumonia e passou a necessitar de cuidados constantes. Imobilizado numa cadeira de rodas e se comunicando através de um sintetizador de voz, Hawking dá continuidade à sua ciência. Foi co-autor em muitas publicações, como "300 Years of Gravity" e "The Large Scale Structure of Space-time" e autor de obras consagradas como "Breve História do tempo" (1988), "Buracos Negros, Universos Bebês e Outros Ensaios" (1993) e "O Universo numa Casca de Noz", lançado no Brasil em 2001.

Enquanto procura juntar as pontas entre as teorias da relatividade e da mecânica quântica, o físico inglês afirma que a simbiose entre o orgânico e a máquina acontecerá em breve.

Hawking continua a ensinar e gosta de viajar com sua esposa e seus três filhos.

segunda-feira

Mais vivo do que nunca.

Vênus vivo!

Sempre que se dá um exemplo de um planeta com nenhuma atividade geológica, o primeiro nome que vem à cabeça é Vênus. Tudo bem, Mercúrio também é um forte candidato, mas Vênus tem um “quê de mistério”: como pode um planeta com as mesmas dimensões da Terra ser geologicamente morto se a própria Terra não é? Longe disso, aliás.

Observações da superfície de Vênus feitas por radar – já que a superfície do planeta é coberta de nuvens pesadas e grossas – mostram que faltam crateras. Uma hipótese para isso é que ventos fortes teriam varrido areia para dentro, cobrindo as crateras. Mesmo assim, isso não daria conta. Marte também tem ação de vento, mas ainda assim a quantidade de crateras parece normal.

Outra hipótese tem a ver com vulcanismo recente. Em suma, significa que vulcões ativos em um passado bem recente teriam despejado lava que cobriu as crateras de impacto na superfície de Vênus.

Mas teria sido um evento global e catastrófico no passado distante que “apagou” as crateras, ou seria a ação de vulcanismo recente em escalas menores e contínuas?

A sonda Vênus Express, em órbita desde 2006, mapeou uma pequena região da superfície venusiana e em comprimentos de onda no infravermelho, ou seja, mapeou as variações de calor do solo. Concentrando-se na região ao redor de Idunn Mons, um vulcão com 2,5 km de altura e uma cratera de 200 km de diâmetro, a cientista Sue Smrekar, da NASA, mostrou que o terreno tem emissividades diferentes. Isso significa que ele é composto por materiais diferentes, que irradiam calor de forma diferente.

Quando a lava surge de um vulcão na Terra, ela imediatamente começa a reagir quimicamente com o ar, principalmente com o oxigênio, alterando sua composição química. Esse processo deve ocorrer de forma semelhante em Vênus, mas nesse caso a lava quente deve reagir mais violentamente com uma atmosfera de gás carbônico bem mais quente e bem mais densa.

De acordo com Sue e seus colaboradores, a presença de diferentes materiais ao redor de Idunn Mons é uma evidência de que os ventos e outras atividades climáticas não limparam a lava que reagiu com a atmosfera, ou ao menos não tiveram tempo suficiente para isso.

As análises dos dados de infravermelho combinados com modelos de vulcanismo mostram que esse material deve ter sido expelido há uns 2,5 milhões de anos, ou menos. Na verdade, é até possível que esse vulcão esteja ativo hoje!

Os modelos de vulcanismo de Vênus são intrigantes, mas têm consequências interessantes. Para explicar que a superfície de Vênus foi coberta por lava em um período curto, seu interior deve ser bem diferente do interior da Terra. Por outro lado, se a atividade vulcânica em Vênus for mais gradual, muito provavelmente o seu interior se parece mais com o da Terra, a despeito da falta de tectonismo.

Do G1.com por por Cássio Barbosa em 16 de abril de 2010 às 14:43